Um Estudo sobre Roubos e Homicídios -  isnard martins

Palavras chave: Segurança Pública, Incidências Criminais, Horários das Ocorrências, Criminalística, Modelos

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Um Estudo sobre
Homicídios e Roubos


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Estudos sobre freqüência e horários das incidências criminais podem fornecer importante subsídios para ações preventivas no planejamento do processo defensivo de patrimônio e áreas urbanas. Certos delitos são motivados pelas chances de sucesso na consecução do crime versus o risco da impunidade. Neste estudo sobre cronologia do crime, baseado nas pesquisas de Grogger Freeman e Wang, Batta e Rump (2003), realizamos uma aproximação de resultados para amostragens de ocorrências de homicídios e roubos, considerando cinco delitos de maior repercussão social.

 

O modelo de Freeman

Como e quando computar uma ocorrência criminal? Como calcular a sua chance de sucesso (atos delituosos praticados por malfeitores, considerados como bem sucedidos nas atividades criminosas)

Durante a segunda guerra mundial, físicos estudaram comportamento dos nêutrons para produção de blindagens através de um método denominado de método de Monte Carlo, que media a chance de sucesso do nêutron penetrar em diversos materiais testados (McCraken,1953). Analogamente, a pesquisa sobre previsão de delitos e suas chances de sucesso em áreas específicas tem sido tema continuado de pesquisas, realizados por estudiosos e policiais em ciências relacionadas com a geo-criminalística.

O modelo à esquerda, adaptado do modelo original de Grogger Freeman, (apud Wang et Al, 1996), em seu modelo Crime Versus Risco, apresenta os possíveis níveis de equilíbrio do crime, em uma sociedade povoada por potenciais criminosos que disputam riquezas sob demandas influenciadas pela expectativa de cometer um crime bem sucedido.

Este modelo segue os tradicionais estudos microeconômicos, onde os atores são representados pela riqueza ambiente, sistema policial e potenciais marginais que buscam seus interesses, atividades e compromissos pessoais, segundo um foco específico em determinados delitos criminais que são praticados em áreas geográficas delimitadas por áreas onde tais atores interagem.
Os autores Wang et al (2003) descrevem o comportamento destes marginais, como relações de procura por lucros obtidos em suas ações, cujo custo é essencialmente medido pelo risco decorrente das atividades preventivas da polícia acrescidas das ações preventivas dos próprios moradores ou trabalhadores da área considerada, somado ao risco medido pelo esforço policial em investigar e capturar tais marginais em fase posterior ao delito.

Geralmente, o criminoso decide cometer ou não cometer este tipo de crime baseado na escolha racional onde pesa o retorno pelo crime bem sucedido contra o risco de não ser preso (Wang et al, 2003).
Estes riscos representam a contrapartida do marginal na balança da decisão entre cometer ou não cometer o delito contra a recompensa a ser obtida como decorrência do sucesso pelo crime premeditado. A expectativa monetária de retorno é o produto do retorno monetário pela probabilidade de NÃO ser preso neste delito (Wang et Al, 2003).

O conceito de natureza territorial do crime fundamenta-se no fato de que o comportamento das pessoas, principalmente quando empreendem atividades intencionais, é baseado em certas rotinas e hábitos ajustados às características do ambiente onde vão atuar (Silva Filho & Al, 2005).
Lagos, (apud Dantas, 2004), cita que a criminalidade estaria condicionada por uma gama de variáveis independentes que contribuem para o entendimento do comportamento criminal dos indivíduos, tais como faixa etária, gênero, escolaridade, características do núcleo familiar e pertinência dos indivíduos a determinados estratos sociais e econômicos considerados como posições de risco (Martins , 2007).

Distribuição Cronológica das Ocorrências

A cronologia das ocorrências ao longo do dia depende da oportunidade para cometer o delito, influência de variáveis culturais, ambiente sócio-econômico e, parcialmente dependente do nível  emocional dos atores envolvidos na cena do crime, que poderá ou não resultar em violência letal contra a vítima.
Esta teoria pode ser melhor exemplificada examinando-se duas categorias de delitos de grande impacto social, que podem melhor ilustrar esta distribuição cronológica: Roubo e Homicídios.


Roubo - foram consolidados os principais delitos de maior clamor público, ocorridos em regiões típicas do município do Rio de Janeiro.

Primeira Amostragem para roubos:

Logradouro
Ocorrências  
AVN BRASIL 1456 30,5%
AVN AUTOMOVEL CLUB 697 14,6%
AVN PRESIDENTE VARGAS 463 9,7%
AVN DAS AMERICAS 382 8,0%
AVN SANTA CRUZ 252 5,3%
AVN DOM HELDER CAMARA 239 5,0%
AVN MERITI 179 3,7%
ROD PRESIDENTE DUTRA 174 3,6%
RUA CANDIDO BENICIO 166 3,5%
EST VELHA DA PAVUNA 138 2,9%
RUA URANOS 135 2,8%
AVN RIO BRANCO 130 2,7%
AVN VICENTE DE CARVALHO 126 2,6%
AVN SERNAMBETIBA 125 2,6%
PRAIA DE BOTAFOGO 119 2,5%
 
de até ocorrências   Participação
00:00 03:59 2269 7,1%
04:00 07:59 2617 8,2%
08:00 11:59 4016 12,6%
12:00 15:59 5144 16,1%
16:00 19:59 7006 22,0%
20:00 23:59 11104 34,8%

 

Delito

Ocorrências

 

ROUBO DE VEICULO

15891

49,4%

ROUBO TRANSEUNTE

7037

21,9%

ROUBO DE APARELHO CELULAR

5834

18,1%

ROUBO INTERIOR COLETIVO

2494

7,8%

ROUBO INTERIOR DE RESIDÊNCIA

629

2,0%

OUTROS

272

0,8%

Fonte dos dados:
Base de ocorrências RJ,

Roubos
Referência:Janeiro a Junho 2002
Este números podem variar. Dados extra oficiais.

Homicídios
Referência:Bairros do município do Rio de Janeiro, 2003
Este números podem variar. Dados extra oficiais.

Homicídios Dolosos -  O homicídio doloso pode ou não ser premeditado. São crimes geralmente dotados emoção e caracterizados por violência letal. A diagnose diferencial entre homicídio, suicídio e acidente poderá ser estabelecido através do exame pericial do local, da vítima e, posteriormente, comprovada ou não, pela necropsia (Stunvoll et Al, 1999).

As ocorrências de latrocínios (roubo seguido de morte), apresentam uma cronologia semelhante aquela verificada para delitos de roubos. Tendo sido premeditado, a sua motivação será a obtenção da recompensa através da subtração de bens materiais de terceiros, mediante morte da vítima. Para o marginal, o latrocínio é um empreendimento, sobre o qual dedicou considerável tempo para análise sobre o risco e recompensa envolvidos.

Roubo Seguido de Morte
 

              Horário                   Ocorrências Distribuição

Fonte dos dados:
Base de ocorrências RJ,

Roubo Seguido de Morte
Referência:Janeiro a Junho 2002  Este números podem variar. Dados extra oficiais.

Outras definições pesquisadas: "Sendo o latrocínio um crime complexo, composto de duas condutas delituosas, a unidade jurídica do tipo não impede que, ocorrendo a tentativa de um e a consumação do outro, se configure o crime em sua forma tentada" (Câmara de Coordenação e Revisão da Ordem Jurídica Criminal publica, 2007).
Latrocínio: "Roubo em que se usa de violência, acarretando à vítima lesões corporais graves ou morte" (Kinghost, 2007).
 

 

O segundo gráfico demonstra a aleatoriedade dos homicídios, com certo acréscimo no horário noturno, contra uma seleção visivelmente racional dos horários selecionados para prática de roubos. Tal comportamento está associado a fatores de oportunidade e risco sobre as riquezas pretendidas na consecução do roubo. Alguns destes delitos, entretanto concentram-se em horários específicos, como roubo de carga, geralmente executados no início da manhã ( município do Rio de Janeiro), geralmente, entre 6:00 hs e 8:00 hs.
Estas representações podem variar de acordo com os hábitos sócio-econômicos da região considerada, horários onde os riscos nestas áreas sejam mais reduzidos para o criminoso, a iluminação seja deficiente ou oportunidades melhores para consecução dos delitos.

O gráfico à esquerda, segundo Ary Dillon (2007), apresenta a distribuição de homicídios em quatro faixas distintas de horários. O pesquisador reforça a tese da distribuição anterior, evidenciando uma leve tendência no aumento das ocorrências no horário noturno. Transcrevo as suas palavras: " Depois das 22hs, particularmente depois da meia noite, os homicídios caem vertiginosamente, mas a queda não implica em que entre as 22hs e as 02hs estejamos seguros. A segurança maior só é atingida mais tarde, às das três às cinco da madrugada, como atestam os dados sobre os homicídios ocorridos em 2002".

Outro exemplo que evidencia a natureza deste problema pode ser observado no delito conhecido com "Saidinha de Banco", caracterizado pelo roubo a clientes sacadores de pequenas ou médias somas de agências bancárias. A maior concentração deste delito verifica-se em regiões povoadas por agências bancárias, em horários imediatos ao almoço e, com maior freqüência, registrados em centros comerciais. Este perfil de cliente geralmente está realizando depósitos ou sacando dinheiro em espécie para empresas.

Para confirmação das tendências de horários para ROUBOS, analisamos uma segunda amostragem. Desta vez, selecionamos alguns bairros mais violentos do município do Rio de Janeiro, considerando a mesma tipificação de ocorrência, visando obter homogeneidade na cronologia. Como pode ser verificado, a tendência de horários é a mesma em ambas amostragem. A segunda amostragem foi segmentada em intervalos menores. Pode complementarmente ser observado que , para o caso do município selecionado, a distribuição mensal conserva-se estável no nível quantitativo.

Segunda Amostragem para roubos:


 


Fonte dos dados:
Base de ocorrências RJ,
 
Roubos - Bairros
Referência:Janeiro a Junho 2002
Este números podem variar. Dados extra oficiais.

  roubo de veiculo
  roubo transeunte
  roubo de aparelho celular
  roubo interior coletivo
  roubo interior de residência

 

Bibliografia

Dantas, George Felipe. A Economia do Crime: Correlações entre Crime, Desigualdade e Desemprego (Burdett, Lagos & Wright), consulta em http://www.peritocriminal.com.br. Consulta em maio de 2005

McCraken Daniel. Principles of Numerical Analysis. Alson S. Householder. McGraw-Hill Book Company.1953
Martins, Isnard. O comportamento criminal sob enfoque de um modelo sócio-econômico. http://www.citynet.com.br/retratofalado/Artigo5.htm. Consulta em janeiro 2007
Shoou-Jiun
Wang; Rajan Batta; Christipher M. Rump. Stability of a crime level equilibrium. Elsevier,Science Direct, EEUU, 2003.

Freeman S. Grogger J, Sonstelie J. The Spatial Concentration of Crime. Journal of Urban Economics, 1996

Vitor Stumvoll, Quintela V. Dorea Eduardo. Criminalística. Editora Sagra, R.G.Sul, 1999
Câmara de Coordenação e Revisão da Ordem Jurídica Criminal publica . http://www.mpdft.gov.br/Orgaos/Camaras/BINF1198.htm. Consulta em janeiro 2007
KingHont. http://www.kinghost.com.br/dicionario/latrocinio.html. Consulta em janeiro, 2007
Base de Informações Criminais - PCRJ. 2002
G. Ary Dillon Soares, Conjuntura criminal - tudo sobre crime e violência. http://conjunturacriminal.blogspot.com/search/label/homic%C3%ADdios, consulta em 2007.

 

 
 


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